sexta-feira, 23 de maio de 2014

CONVITE

Convite
 Limoeiro do Norte­, 26 de maio de 2014.
Amigos e Companheiros/as,
           “Na copa vai ter luta!”: Essa tem sido a expressão viva das mais recentes manifestações de rua que dão continuidade às jornadas de junho, agora partindo de setores organizados que se mobilizam e lutam contra os desmandos patrocinados pela FIFA e o governo federal, que colocam a construção de estádios e a orquestração de verdadeiras ‘tropas de elite’ para garantir a “segurança” desse megaevento, acima dos direitos sociais e da própria vida da maioria do povo brasileiro. E a pergunta que não quer calar e sai a toda hora da boca dos que não estão dispostos a pagar calados pelo preço alto dessa proeza é: “COPA, PARA QUEM?” Será que nós trabalhadores aqui do interior do estado, por exemplo, estaremos naquelas pomposas e (diga-se de passagem!) arriscadas arquibancadas, construídas às pressas e às custas do dinheiro público e do sangue de muitos trabalhadores que perderam suas vidas, certamente, com a ilusão que estariam dando sua parcela de contribuição para tornar o Brasil mais uma vez campeão mundial!
              A realidade é bem diferente! Senão, vejamos: A Fifa ganhou uma isenção fiscal de R$ 558,83 milhões para realizar a Copa do Mundo de 2014 no Brasil. O valor do benefício diz respeito a impostos federais que a entidade máxima do futebol deixou e deixará de pagar até 2015, e foi estimado pela Receita Federal. A isenção foi garantida pelo governo brasileiro em 2007, previstos na Lei 12.350, sancionada em 2010 pelo então presidente Lula, lei esta que criou o programa de incentivos fiscais à construção ou reforma de estádios da Copa do Mundo, o Recopa, que desonera a compra de materiais e a contratação de serviços usados nas obras das arenas do Mundial. Além desses ‘benefícios’, outras medidas estão previstas na Lei Geral da Copa, sancionada pela presidente Dilma neste ano. Com esses direitos garantidos e os benefícios fiscais aprovados, a Fifa deve realizar no Brasil a Copa do Mundo mais lucrativa da história. A entidade espera que o evento gere um faturamento de 3,8 bilhões de dólares (R$ 7,6 bilhões), ou seja, 600 milhões de dólares (R$ 1,2 bilhão) a mais do que a receita gerada na Copa de 2010, na África do Sul, e quase o triplo da receita da Copa de 2006, na Alemanha. De acordo com o balanço da Fifa referente ao ano de 2011, a Copa do Mundo de 2014 já rendeu um faturamento de cerca de R$ 1,6 bilhão para a entidade.
             É de fato lamentável o lado perverso desse tão venerado evento, mas que, infelizmente, está colocado aí para quem quiser e quem não quiser ver as infundadas e infinitas injustiças da Copa. Por isso, temos que ter clareza nesse momento para quem vamos torcer: para o time dos poderosos chefiados pela FIFA e os governos de plantão, ou para o time dos que estão sendo explorados, oprimidos e até mesmo retirados de suas casas por conta da política imposta por esse megaevento?
            É nesse contexto de efervescência e de grandes desafios que convidamos você a participar de mais um estudo do Grupo de Estudos Marxistas de Limoeiro, que será realizado neste dia 31 de maio (último sábado), a partir das 15 h, na sala de multimídia da FAFIDAM, em torno da obra “Revolução Burguesa” de Florestan Fernandes, sob a coordenação do sociólogo Ângelo Felipe Castro Varela e a mediação do prof. Flávio Braga.
Aguardando sua presença,
Saudações Socialistas!
GRUPO DE ESTUDOS MARXISTAS DE LIMOEIRO                                                                            APOIO: PSTU municipal


Moção de Apoio III ENA

ÁS FAMÍLIAS E COMUNIDADES DA CHAPADA DO APODI


Reunidos no III Encontro Nacional de Agroecologia entre os dias 16
a 19 de maio de 2014, às margens do rio São Francisco, na cidade
de Juazeiro-BA, ciente das angustias e incertezas de mulheres e
homens dos assentamentos e das comunidades atingidas pelo
projeto do perímetro irrigado Santa Cruz do Apodi no Rio Grande do
Norte e das atrocidades que o perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi
tem causado às famílias da Chapada do lado do Ceará, projetos
estes sob a responsabilidade do Governo Federal através do
Departamento Nacional de Obras Contra a Seca-DNOCS,
manifestamos nossa solidariedade e apoio às lutas de resistência e
defesa da integridade do território, como também se solidariza com
as entidades de apoio, em especial o Sindicato dos Trabalhadores
e Trabalhadoras Rurais de Apodi-RN.

O III ENA denuncia o atual modelo capitalista que avança com
grandes projetos de agronegócio, nos território das comunidades
camponesas, devastando a natureza e colocando em risco a vida
de mulheres e homens que vivem no campo.

 Os participantes do III Encontro Nacional de Agroecologia-ENA



Juazeiro-BA, 19 de maio de 2014.

domingo, 27 de abril de 2014

Zé Maria do Tomé, líder comunitário e ambientalista, foi assassinado no dia 21 de abril de 2010, por denunciar as consequências da pulverização aérea de agrotóxicos e irregularidades na concessão de terras nos perímetros irrigados da região da Chapada do Apodi, Ceará.

Por Cláudio Silva*

No próximo dia 21 de abril, se completam quatro anos do assassinato da liderança comunitária e ambientalista José Maria Filho, o Zé Maria do Tomé. Após oito dias, no dia 29 de abril, será realizada mais uma importante audiência do processo judicial que apura o homicídio.

Zé Maria foi assassinado com mais de vinte tiros, à queima roupa, próximo a sua residência, na comunidade de Tomé, zona rural de Limoeiro do Norte/CE. O defensor de direitos humanos destacou-se na luta contra a pulverização aérea de agrotóxicos, na Chapada do Apodi, Ceará. Essa atividade, promovida por grandes empresas do agronegócio, causa a contaminação da água, plantações e solo das comunidades da região. Além disso, provoca diversas doenças nos trabalhadores das empresas e moradores. Essas denúncias encontraram repercussões em ações judiciais, procedimentos do Ministério Público (Estadual, Federal e Trabalhista) e em inúmeras pesquisas acadêmicas.

Além das denúncias sobre as consequências do uso de agrotóxicos, José Maria Filho enfrentou diretamente as grandes empresas do agronegócio e denunciou irregularidades na concessão de terras nos perímetros irrigados da região. Esses perímetros provocam um processo de desapropriação (e mesmo expulsão) de pequenos trabalhadores rurais e concedem as terras para grandes empresas exportadoras de frutas. Enquanto o estado do Ceará passa por uma de suas maiores secas, essas empresas têm acesso à água em abundâncias e condições facilitadas.
Na região da Chapada do Apodi estão instaladas empresas como Del Monte, BANESA, Nólem e Frutacor, esta última cujo proprietário é acusado de autoria intelectual (mandante) do homicídio do Defensor de Direitos Humanos, Zé Maria.
A morte de José Maria Filho não significou o fim da luta contra os danos sociais e ambientais provocados pelas empresas do agronegócio. Diversos movimentos sociais, organizações comunitárias, organismos da Igreja e pesquisadores/as de Universidades Públicas continuam os processos de análise, sistematização e denúncias sobre esses impactos negativos.
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Um pouco da história de um defensor dos direitos humanos
A luta de José Maria, em conjunto com as organizações comunitárias, pesquisadores/as, movimentos populares e diversos apoiadores/as, gerou uma pressão social sobre a Câmara Municipal de Limoeiro do Norte. Em 20 de novembro de 2009 foi promulgada a Lei 1.278/2009 que proibia a pulverização aérea no município. Essa iniciativa legislativa foi considera inédita no Brasil e ganhou repercussão internacional, ao banir a pulverização aérea de agrotóxicos.

As empresas do agronegócio da região não cumpriam o disposto na Lei 1.278/2009. Então, José Maria Filho torna-se referência nas denúncias sobre as ilegalidades das empresas do agronegócio.

Além disso, Zé Maria continuou, em conjunto com diversas organizações, denunciando a contaminação das águas, do solo e ilegalidades, como grilagens de terras, cometidas pelas empresas do agronegócio. Todas essas denúncias são respaldadas por diversos procedimentos judiciais e administrativos, como uma Ação Civil Pública que obrigou a prefeitura de Limoeiro do Norte a construir um sistema de abastecimento de água alternativo, pois a rede pública estava contaminada pelos agrotóxicos. Outro procedimento do Ministério Público Federal apura denúncias de grilagem de terras das empresas do agronegócio em terras da União.

No dia 21 de abril de 2010, o defensor de direitos humanos foi assassinado, a poucos metros da sua casa, em típica ação de pistolagem.

A lei que proibia a pulverização aérea foi revogada em dia 20 de maio de 2010, um mês após o assassinato de Zé Maria.

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A longa investigação…

Logo após o assassinato, foi instaurada a investigação na Delegacia de Polícia Civil em Limoeiro do Norte. Advogados ligados à Rede Nacional de Advogados/as Populares no Ceará (RENAP/CE) se dedicaram ao acompanhamento das investigações, representando a família no procedimento.  Porém, uma série de falhas e limitações foi apontada pelos advogados, tais como: não preservação do local do crime, demora nas perseguições, falta de estrutura na Delegacia local, dentre outras.

A limitação mais grave foi a demora na realização do exame de balística, que poderia identificar a origem dos projéteis que ceifaram a vida de Zé Maria. Esse exame foi realizado meses após o homicídio. Ademais, as testemunhas afirmavam não se sentir seguras em prestar seus depoimentos na Delegacia local.

Através da pressão social e do acompanhamento do caso pela Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo (CNCVC), pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDH) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o Inquérito Policial tomou novos rumos.

Poucos meses após o início das investigações, o Inquérito Policial passou a ser conduzido pela Divisão de Homicídios, localizada em Fortaleza. Com essa mudança, o procedimento investigativo ganhou alguma celeridade e desenvolveu um decisivo trabalho de inteligência policial. Além disso, a atuação do Ministério Público Estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), foi fundamental para conclusão da fase de investigação.

Em 26 de junho de 2012, mais de dois anos após a morte do defensor de direitos humanos, o Ministério Público ofereceu denúncia contra João Teixeira Júnior (proprietário da empresa Frutacor), José Aldair Gomes Costa (gerente da citada empresa), Antônio Wellington Ferreira Lima e Francisco Marcos Lima Barros (os dois últimos moradores da comunidade Tomé, que teriam dado suporte ao assassino) pelo homicídio. O primeiro denunciado é um dos mais importantes empresários do agronegócio no Ceará. O suposto executor seria um conhecido pistoleiro da região, assassinado em julho de 2010 em uma ação policial.

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O processo e a expectativa do Júri Popular

O processo nº 7659-18.2010.8.06.0115, que tramita 1ª Vara da Comarca de Limoeiro do Norte, é o que trata do homicídio de José Maria Filho.

Já foram ouvidas todas as testemunhas da Acusação. No último dia 26 de fevereiro, foram ouvidas quase 20 testemunhas da defesa. Nessa audiência ocorreu a oitiva das testemunhas de José Aldair Gomes Costa, Antônio Wellington Ferreira Lima e Francisco Marcos Lima Barros Wellington. Espera-se que diversas testemunhas do réu João Teixeira sejam ouvidas no próximo dia 29 de abril. Ainda faltam ser ouvidas algumas testemunhas por Carta Precatória, residentes fora comarca onde tramita o processo.

Após as oitivas de testemunhas, será realizado o interrogatório dos acusados. Por fim, a juíza de Limoeiro do Norte proferirá a sentença de pronúncia, quando se decide se os réus vão ou não a Júri Popular.

Na avaliação da Acusação (Promotoria e Assistência) o processo segue em um importante ritmo, na expectativa que antes de junho de 2014 seja proferida a sentença de pronúncia. Ou seja, espera-se que a juíza da comarca de Limoeiro do Norte decida que os réus sejam julgados por um Júri Popular.

O caso Zé Maria é emblemático no contexto dos crimes, assassinatos e violência no campo brasileiro. José Maria Filho foi assassinado por defender direitos humanos: direito ao meio ambiente, à terra e ao território, à saúde e à vida. O Estado brasileiro já está em dívida com a Justiça, diante dos quase quatro anos sem uma resposta efetiva à sociedade. As organizações de direitos humanos, movimentos populares, pesquisadores/as que atuam na região, organismos da Igreja e diversos apoiadores acompanham o caso com atenção e preocupação, esperando que ao final se faça justiça, com a condenação dos responsáveis (mandantes e executores) pelo assassinato de José Maria Filho.

José Maria vive!

*Claudio Silva é advogado, integra a Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares no Ceará e especialista em Economia e Desenvolvimento Agrário pela Universidade Federal do Espírito Santo/ Escola Nacional Florestan Fernandes.

Saiba mais sobre o caso:
>> Brasil de Fato: José Maria do Tomé vive na luta da Chapada do Apodi, no Ceará, por Camila Garcia, de Limoeiro do Norte/CE – 26/04/2012
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quinta-feira, 6 de março de 2014

CONVITE - Oficina dos Movimentos em luta nas áreas de Perímetros Irrigados CE e RN

OFICINA: Movimentos sociais construindo proposições e pensando ações para e a partir do Dossiê dos Perímetros Irrigados

O QUE QUEREMOS PARA O SERTÃO? É mais Perímetro Irrigado?!

O PAC, através da nova política nacional de irrigação, quer nos impor mais 393.137 ha de perímetros. MAS:

No Perímetro Irrigado (PI) Jaguaribe Apodi, os agrotóxicos contaminam a água, adoecem e matam pessoas intoxicadas ou com câncer; a terra e a água estão sendo dominadas pelas empresas, enquanto as famílias camponesas passam sede e não têm acesso a terra.

No PI Tabuleiro de Russas, as comunidades perderam suas terras e seu modo de vida foi destruído para dar lugar ao perímetro. Atualmente, lutam junto ao DNOCS por um reassentamento digno e por área de produção.

No PI Baixo Acaraú, o povo Tremembé está encurralado pelas empresas e lutam pela demarcação de suas terras.

Em Apodi, no Rio Grande do Norte, as comunidades lutam contra o Projeto da Morte – o PI Santa Cruz de Apodi, e ocuparam o canteiro de obras do DNOCS.

JULGAMENTO DO "CASO ZÉ MARIA DO TOMÉ"




Caros/as amigos/as,

Como divulguei anteriormente, na última quarta, 26, ocorreu a audiência do processo que apura o assassinato de Zé Maria. A audiência tinha o objetivo de ouvir as testemunhas da defesa (todas da acusação, nós, já foram ouvidas). Testemunhas de Aldair (gerente da empresa Frutacor), Wellington e Marcos. De João Teixeira serão ouvidas depois (apenas por questão de organização).

Foram ouvidas mais de 15 pessoas. Foi um trabalho muito produtivo. A todo momento estavam presentes os réus, exceto Marcos que pediu para sair da sala por problemas de saúde.