terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Nota do PSTU sobre falecimento do Padre Haroldo


Pe Haroldo Coelho


Padre Haroldo, Presente!

Morreu em Brasília, nesta sexta-feira (11 de Janeiro) em decorrência de problemas respiratórios, às 21.30h, Haroldo Coelho, ou simplesmente Padre Haroldo, como era por todos conhecido. Aos familiares, colegas, companheiro (a)s do PSOL e todos aqueles que viam em Padre Haroldo uma referência, nossos pêsames.

Na luta contra a Ditadura, pela Anistia dos presos e perseguidos políticos, na defesa da moradia, principalmente no Bairro do Pirambu, ou em históricas greves operárias como a dos trabalhadores e trabalhadoras têxteis da Finobrasa em 1987, Padre Haroldo foi sempre, dentro e fora da igreja, um aliado da classe trabalhadora em sua luta contra a exploração e a opressão, o que o tornou figura sempre presente nas lutas populares.

Com este grau de engajamento e ativismo, Padre Haroldo não se furtava à luta política. Foi candidato a governador, à época pelo PT, em 1986, com o slogan "O Governador do Povo", quando enfrentou Adauto Bezerra e Tasso Jereissati, representando o que havia de melhor no campo da reorganização política e sindical dos trabalhadores ao longo do final dos anos 1970 e meados dos anos 1980.

A atenção a estes processos de reorganização da classe trabalhadora e de suas lutas fez com que Padre Haroldo também se posicionasse diante da adaptação e degeneração do PT, enquanto um projeto que representasse os anseios da nossa classe, o que o levou a ajudar a construir uma alternativa política no campo da esquerda, o PSOL.

Quem o conhecia, sabia que o internacionalismo era característica intrínseca à sua atividade política. As questões internacionais o preocupavam. Participou da principal campanha anti-imperialista que se desenvolveu em nosso país nos últimos anos: a luta contra o Acordo de Livre Comércio das Américas. Levou para dentro de várias paróquias, comunidades e pastorais essa discussão. Foi parte ativa dos plebiscitos contra o pagamento da divida, pela reestatização do patrimônio público privatizado e contra a reforma da previdência. Denunciou as intervenções imperialistas no Iraque e Afeganistão. De discurso inflamado, com mais de 70 anos, não titubeava na luta em defesa soberania dos povos.

Nestes últimos anos, marcados pela cooptação e adaptação de gerações inteiras de militantes e das organizações de classe à democracia dos ricos, enquanto a maioria de sua geração girava à direita, Padre Haroldo não atravessou a fronteira de classe. Enquanto as maiores centrais sindicais do país organizavam, junto às entidades patronais, primeiros de maio em forma de show, sua presença nos primeiros de maio independente dos governos e patrões era certa.

Terno, firme em suas convicções, duro nos debates, homem de atividade militante e de fortaleza moral. Entre erros e acertos, acordos e divergências programáticas construídas ao longo do caminho, nós do PSTU saudamos a história, a memória e vida de um homem que amou profundamente seus semelhantes e lutou, com as armas e a compreensão que tinha, ao lado da classe trabalhadora contra as injustiças do mundo.

Que nesses tempos tão difíceis e perigosos para esquerda, seu exemplo continue a ser lembrado por novas gerações de lutadores.

O PSTU, de acordo com sua tradição, saúda sua presença na luta histórica da classe trabalhadora por emancipação.

Padre Haroldo, Presente!

Fortaleza, 15 de janeiro de 2013.
Direção Municipal do PSTU
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